terça-feira, 16 de julho de 2013

Quanto Vale o Show - III Edição


É muito fácil elogiar algo já consolidado. A firmação nos permite um conforto considerável na argumentação crítica. É muito cômodo prestigiar nomes já construídos, carreiras já determinadas. É muito simples cantar os sucessos, os hits do verão, os clichês marcantes e tudo o que a mídia convencional nos injeta sem permissão. 

Nós, do Coletivo Porto Salgado, estamos optando pelo lado ainda entusiasta da coisa. Estamos mais preocupados com o improvável, com o midiaticamente frágil, com o marginalizado. Optamos por ouvir o que não toca na rádio, o que não tem 1000 views no SoundCloud. Há exatos onze meses, fizemos a opção pelo vizinho que toca violão pra 5 pessoas na calçada. Há exatos onze meses, contra qualquer previsão ou expectativa, fizemos a opção por aqueles que escrevem suas canções mais perfeitas no meio de uma aula chata na Faculdade. Há exatos onze meses, aprendemos a adquirir um novo olhar sobre os artistas e as pessoas. Aprendemos a olhar um para outro de uma forma mais corporativa. Brigamos tomando cerveja. Nos cobramos com admiração nos olhos por tudo o que aquela pessoa já fez pela causa. 

A causa.

Causa que é maior que eu, que você, que o Coletivo e que todo e qualquer que pensar em reinventar a forma de se fazer produção independente numa cidade sem a mínima tradição, perspectiva e repleta de gente pessimista e com medo. Falta rua nas pessoas. Nunca fomos tão sofá. Falta rua nas pessoas. É preciso levantar e conhecer a história de vida do dono da mercearia da esquina pra você, um dia, pensar no que quer para seu futuro. Falta rua nas pessoas e nós sim, há exatos onze meses, optamos pela rua. Revitalizamos lugares geograficamente marginais. Sistematizamos eventos teoricamente inviáveis. Eventos esses que hoje são anuais, mensais, semanais! Reinventamos a lógica de produção da cidade com muito, muito suor! Alguns quase foram demitidos de seus empregos. Outras foram demitidos de seus empregos! Alguns perderam horas longe de seus parceiros. Outros foram embora e depois voltaram com mais vida e paixão! Alguns desacreditaram na ideia ou se perderam no meio do caminho. Em compensação, outros, silenciosamente, hoje se mostram indispensáveis em meio a novidade.

Dia 25 desse mês, acontecerá a terceira edição do “Quanto vale o show”, nosso atual evento motriz. E será o primeiro da reafirmação de um artista. A banda Bugiganga, que antes era só mais uma em meio a tantas bandas tocando seu cover e ganhando seus legais no fim da noite, hoje é mais uma força que surge dentro do novo mundo possível que estamos ajudando a construir. Dia a dia. Das tripas, coração. Show que já tem nome: “Diálogo”. Show que já tem cara e consistência. Show que abre as portas pra agosto, mês que o Coletivo completa 1 ano de existência. 

Coletivo que você também pode conhecer e fazer parte. Coletivo que você também pode apenas buscar parceria. Coletivo que você também pode ajudar a construir, fomentar, agregar valores e ideias. Coletivo que é meu, é seu, é nosso e de todo e qualquer que tenha rua na alma e arte na veia!

Nenhum comentário:

Postar um comentário